Uma Igreja Una e Santa
A Igreja não é uma organização a que se adere, mas antes a uma família que se pertence e que vive de Cristo, em Cristo e para Cristo e o Senhor vive com ela e nela (Cf. CCE 807). Ao recitarmos o Credo, símbolo dos apóstolos, professamos "creio na Igreja una, santa, católica e apostólica". São quatro atributos inseparavelmente unidos entre si que definem a essência da Igreja.
Neste primeiro ano pastoral vamos pender a nossa meditação, estudo e celebração sobre a Igreja como una e santa. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica afirma que a Igreja católica é única e é em si mesma unidade mesmo estando espalhada por todo o mundo. Os pilares da unidade da Igreja são uma só fé, uma comum esperança, a mesma caridade e a unidade nos sacramentos e ministério. A Igreja é uma só para todos, é uma casa de comunhão. Por isso S. Paulo pedia aos cristãos de Éfeso "sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz ... um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,3.5). Esta unidade promove e garante a diversidade através de vínculos profundos que unem todos os batizados e combate as divisões. O Papa Francisco frisa na catequese sobre a Igreja Una "A nossa unidade não é primeiramente fruto do nosso consenso, nem da democracia no seio da Igreja, nem sequer do esforço de estar em sintonia, mas deriva d'Aquele que faz a unidade na diversidade, porque o Espírito Santo cria uma unidade harmoniosa no meio de toda a diversidade de culturas, línguas e pensamentos". O Espírito Santo é o princípio invisível da unidade da Igreja e o Bispo diocesano é o princípio visível dessa unidade.
Depois da proclamação da unidade da Igreja, no Credo acreditamos que ela é Santa pois é obra de Cristo e foi por Ele concebida como instrumento de santificação para a humanidade "Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, para a santificar (Ef 5, 25-26). A Igreja é santa porque é sinal eficaz da presença de Deus e da atitude salvífica de Jesus Cristo. O Papa Francisco, na catequese sobre a Igreja Santa, refere a santidade da Igreja "porque se deixa guiar pelo Espírito Santo que purifica, transforma e renova. Não é santa pelos nossos méritos, mas porque Deus a torna santa, é fruto do Espírito Santo e dos seus dons". Mas a Igreja constituída por nós, que somos pecadores, é também pecadora e por isso somos chamados a deixar-nos transformar, renovar e santificar pela misericórdia de Deus. Cada cristão é chamado à santidade (LG 39-42) e a santidade é deixar Deus agir em nós, por isso Léon Bloy dizia "só existe uma tristeza na vida, a de não ser santo". A Igreja oferece a todos a possibilidade de percorrer o caminho da santidade.
Neste Plano Pastoral, o "Primeirear" é a afirmação de Jesus, num relato de ressurreição do filho único de uma mulher viúva, 'Jovem, eu te digo, levanta-te!' (Lc 7, 14). A dinâmica da escuta e do levantar, de ser discípulo e ser missionário impõe-se como referiu o Papa, no Domingo de Ramos, "Queridos amigos, olhai para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Senti-vos chamados a arriscar a vida. Não tenhais medo de a gastar por Deus e pelos outros! Lucrareis... Porque a vida é um dom que se recebe doando-se. E porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas... Dizer sim ao amor, sem se nem mas, como fez Jesus por nós".
Nos dois primeiros anos do Projeto Pastoral assumimos o compromisso de nos implicarmos no exercício das obras de misericórdia. Neste primeiro ano propomos implementar células de caridade das obras de misericórdia corporais nas comunidades e movimentos. Em grupos pequenos de 3 a 5 pessoas escolhem uma das obras [dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, assistir os enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos] para se envolverem e acompanhar aqueles que necessitam, de forma especial os mais vulneráveis causados pela Covid-19.
Os destinatários preferenciais neste ano são as crianças. Na carta que o nosso Bispo escreveu às crianças que faziam a primeira comunhão disse "Também eu quero muito que os meus amigos da Diocese de Bragança-Miranda descubram que uma verdadeira vida precisa de ter Jesus como fonte. Só assim podemos ter uma Diocese cheia de Vida". O investimento pastoral nas crianças, não só na catequese e aulas de EMRC, mas também proporcionando-lhes ambientes seguros, saudáveis e promotores de encontro com Jesus e com a comunidade cristã. Como refere o novo Diretório para a Catequese "a criança é capaz de Deus e que as suas perguntas acerca do sentido da vida nascem também nos lugares onde os pais estão pouco atentos à educação religiosa. As crianças têm a capacidade de colocar questões de sentido a respeito da criação, da identidade de Deus, do porquê do bem e do mal e são capazes de manifestar alegria diante do mistério da vida e do amor" (236) e deixa-nos um grande desafio eclesial "As crianças que, por diversos motivos, sofrem com a falta de referências seguras para a vida, muitas vezes também lhes é reduzida a possibilidade de conhecer e amar a Deus. Quando tal é possível, a comunidade eclesial deve saber dialogar comos pais, apoiando-os na sua função de educar; além disso, procure tornar-se presente e disponível para demonstrar sempre zelo materno e cuidados concretos: este será o primeiro e fundamental anúncio da bondade providente de Deus" (238).
<<Jovem, Eu te digo, levanta-te>> (cf. Lc 7,14)
1. Evangelizar, com mais sinodalidade, comunhão e coordenação, cuidando e valorizando as entidades e dinâmicas diocesanas para que sejam um sinal e uma escola de comunhão.
2. Realçar a figura do Bispo e as diversas estruturas de âmbito diocesano como escola de comunhão na Igreja.
3. Investir no catecumenado como escada de acesso consciente ao mistério de Cristo.
4. A catequese de infância como ambiente favorável de encontro com Cristo e com a comunidade.
5. A Celebração do Domingo que gera comunidades discípulas missionária.